segunda-feira, 18 de março de 2013

"Supremacia Branca" e racismo


"A supremacia branca é o contexto em que “outros” são definidos.
Como regra geral, a deturpação, o mal-entendido, a fuga e o auto-engano sobre questões relacionadas à raça estão entre os fenômenos mentais mais universais dos últimos séculos: uma economia cognitiva e moral psicologicamente necessária para a colonização, conquista e escravização. E esse fenômeno não é acidental, ao contrario é prescrito, pelos termos do contrato racial, que requer uma agenda de “cegueira” estruturada, a fim de estabelecer e manter a política branca.
O racismo é uma supremacia global branca e é em si um sistema político, uma estrutura de poder particular de regra formal e informal, privilégio vantagens socioeconômicas e oportunidades de riqueza e poder. Porque é abrangente e onipresente, não pode ser facilmente reconhecida por seus beneficiários."(Mills, C. 1997)

Racismo, Sofrimento Psíquico e Winnicott


Podkameni, A. B. & Guimarães, M. A. C. A Rede de Sustentação Coletiva, Espaço Potencial e Resgate Identitário: Projeto Mãe-Criadeira. Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.1, p.117-130, 2008.
http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v17n1/11.pdf

O racismo, a discriminação, a intolerância e seus efeitos invisibilizados, naturalizados e negados.
-risco social, psíquico, psicossomático e físico.

A constante exposição ao racismo prejudica a manutenção do espaço potencial (campo subjetivo intermediário, faz a elaboração e o escoamento da tensão psiquica) e leva a uma situação conflitual traumatizante.

Espaço potencial: campo de mediaçaõ e escoamento da tensao psíquica decorrente do conflito natural entre o desejo e a realidade. Depende do ambiente.

Ambiente "bom o bastante": permite a sensaao de continuidade do ser, sentimento de sustentaçaõ, limites suportáveis. Gera o processo de integracao psiquica e o campo imaginário de mediação, o espaço potencial.

Durante o período muito precoce de amadurecimento, encontros inesperados e incompreensíveis interrompem continuidade do ser e geram ansiedades inimagináveis, agonias impensáveis.

Verdade paradoxxal da transicionalidade: processo de ilusionamento e desilusionamento do bebê. Os objetos transicionais representam a mae, embora o bebe viva na ilusão de que "são" a mãe. Ao mesmo tempo, esses objetos pertencem à realidade externa e são, a um só tempo sua própria criação. O seio criado e o seio encontrado necessita da conjugação do duplo apoio do ambiente: a identificação da mãe com o bebê e o atendimento suficientemente bom da necessidade (reconhecida por meio da identificação).

O campo de sustentação, de tolerância, ou seja, o espaço potencial intermediário entre a realidade externa e interna, entre o que o bebê já faz e o que ele aprenderá, onde a tensão psíquica pode ser elaborada e escoada estabelece uma ligaçaõ possível entre O NARCISISMO PRIMÁRIO E AS LEIS DA CULTURA, PROMOVE A NEGOCIAÇÃO ENTRE O DESEJO/PRAZER E A POSSIBILIDADE/REALIDADE. Por meio desse espaço, o si mesmo é integrado e um self autentico e original pode emergir, com a capacidadede criar e se preocupar.

O ambiente, inicialmente a mãe, vai se estendendo para a família e a sociedade, e as demandas vão ficando cada vez mais complexas. No entanto,  já estão presentes desde o início as demandas sociais e as relações político-econômicas em que a mãe está inserida, as condições de concepção, gestação e nascimento da criança e as expectativas sociais potenciais sobre ele.

O meio ambiente brasileiro se nega a "sentir, perceber, acolher, características e traços do ser e viver negro brasileiro 'comuns', tornando-os, então, marcas de uma desigualdade" (Podkameni e Guimarães, 2004).

No momento do processo de socialização, a criança negra passa a ficar exposta, mais explicitamente, a uma "situação conflitual traumatizante".


Caso os elementos não existam,

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Podkameni, A. B. & Guimarães, M. A. C. Afro-descendência, família e prevenção

Efeitos nocivos provocados pela sócio-cultura brasileira sobre a subjetividade da família afro-descendente, por não se apresentar como um meio ambiente suficientemente bom - contribuir para a criaçaõ de formas de prevenção

http://books.google.com.br/books?id=ZUv0a4gH3B0C&pg=PA18&lpg=PA18&dq=saude+mental+da+popula%C3%A7%C3%A3o+negra+marco+antonio+chagas+guimar%C3%A3es&source=bl&ots=4ARndVHvwG&sig=OwdCqIKk2oPGqWEjrYn51lBBYHY&hl=pt&sa=X&ei=D1xHUY3FE_OJ0QG7jICgDQ&redir_esc=y#v=onepage&q&f=true

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Guimarães, M. A. C. População Negra, Racismo e Sofrimento Psíquico. Retirado em 10 de janeiro de 2013 da Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra, web site http://redesaudedapopulacaonegra.org/archives/1080

Enraizamento do racismo e naturalização dos atributos negativos ao negro

Repercussões na clínica de pacientes negros: Escuta, Psicanalista!

O holocausto não pode ser negado porque doi. Doi nos sobreviventes, nos seus filhos e netos. Quem nega o holocausto pela dor que inflige aos sobreviventes comete mais do que apenas pecado. É uma crueldade.
Ne oublie pas.

"O racismo é estruturante de nossas relações sociais e que as subjetividades que somos todos e, todos nóspsicanalistas e prifissionais de saúde mental, são construídas no interior destas relações".

Carneiro, S. (2003). Enegrecer o feminino: A Situação da Mulher Negra na América Latina a Partir de uma Perspectiva de Gênero – in- ASHOKA  Empreendedores Sociais e Takano Engenharia (org.) – Racismos Contemporâneos. Takano, Rio de Janeiro, 2003.


 "A utopia que hoje perseguimos consiste em buscar um atalho entre uma negritude redutora da dimensão humana e a universalidade ocidental hegemônica, que anula a diversidade. Ser negro sem somente ser negro, ser mulher sem ser somente mulher, ser mulher negra sem ser somente mulher negra. Alcançar a igualdade de direitos é converter-se em um ser humano pleno e cheio de possiblidades e oportunidades para além de sua condição de raça e gÇenero. Esse é o sentido final dessa luta" (p. 57)

Política Nacional de Saúde da Pop. Negra: uma questao de equidade


PNUD et al. Política nacional de saúde da população
negra: uma questão de eqüidade. Documento resultantedo Workshop Interagencial de Saúde da População
Negra, 6, 7 dez., 2001. Brasília: PNUD/OPAS/DFID/
UNFPA/UNICEF/UNESCO/UNDCP/UNAIDS/
UNIFEM.

Reconhecimento do quesito raça como variável significativa em matéria desaúde e desenvolvimento de projetos específicos para a prevenção, diagnóstico e tratamento de pessoas de descendencia africana.

Temas privilegiados para produção do conhecimento

-Percepção popular do processo saude/doença, escolha da terapeutica e eficacia do tratamento
-Impactos do racismo sobre o processo saúde/doença


Estimular a criação, em universidades, de núcleos de estudos de saúde da pop negra

Política Nacional de Saúde Integral da População Negra


Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Brasília: SEPPIR, 2007.

Combater a discriminacao etnicorracial nos servicos de atendimento oferecidos pelo SIS e promover a equidade em saúde da pop. negra.

Luta histórica pela democratizaçaõ da saúde encampada pelo movimento negro e compactuacao entreo MS e a SEPPIR afim de superar vulnerabilidades

Transversalidade

Reduzir indicadores de morbi-mortalidade por hipertensão arterial, diabetes mellitus, HIV/AIDS, tuberculose, hanseníase, câncer de colo uterino e de mama, miomas, transtornos mentais e doença falciforme.

13a Conferencia Nacional de Saude

A política define os princípios, estratégias e responsabilidades

Ações de cuidado, atenção, promoção à saúde e prevenção de doenças, participação popular e controle social, PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Atingir maior grau de equidadeem direito à saúde
---utilizaçao do quesito cor
---controle social
---estratégias de identificaçao e combate ao racismo
---acoes afirmativas


Colonização e objetificacao: racismo e sexismo
Ações governamentais pontuais decorrentes do movimento social negro epesquisadores, a partir da década de 80

Marcha Zumbi dos Palmares em 1990: GT Interministerial para Valorização da Pop Negra

Conferência Mundial de Combate ao III Racismo, Disciminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, Durban, 2001: pressao de organismos internacionais e inclusão dessa articulaçao nas Conferencias Nascionais de Saúde

SEPPIR em 2003: status de ministerio para promover igualdade e proteção dos direitos de individuos e grupos raciais e etnicos

I Seminário Nacional de Saude da Pop Negra (2004): termo de compromisso com a SEPPIR - Política Nacional de saúde da pop negra: uma questao de equidade.

II Seminario Nacional de Saude da Pop Negra: reconhecimento oficial do MS da existência do racismo institucional nas instâncias do SUS


Negros estudam 2 anos a menos do que brancos, são 70% da pop em extrema pobreza, mais de 32 milhoes com renda de até 1/2 salário: demandam mais assistencia social

Relatório saúde brasil 2005: uma análise da situacao de saúde
Independentemente de escolaridade, local de nascimento ou classe social, a populaçaõ negra apresenta, proporcionalmente em relação a não negros:
Mais mães adolescentes, menos consultas pré-natais, maior índice de prematuros, maior taxa de mortalidade infantil (particularmente por desnutrição) e materna (particularmente por decorrências da hipertensão).
Independentemente do gênero:
Mais mortes por homicidio, tuberculose, hipertensão

Agravos específicos da pop negra
-determinantes geneticos (anemia falciforme, deficiencia de glicose)
-condições desfavoráveis de cuidado (desnutrição, doenças do trabalho, HIV/AIDS, mortes violentas, abortos sépticos, SOFRIMENTO PSÍQUICO, ESTRESSE, DEPRESSÃO, TRANSTORNOS MENTAIS RESULTANTES DA EXPOSIÇÃO AO RACISMO E PARTICULARMENTE OS DERIVADOS DO ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS)
-tratamento dificultado (hipertensão, diabetes, insuficiência renal, câncer e miomatoses)

"ESSAS DOENÇAS E AGRAVOS NECESSITAM DE UMA ABORDAGEM ESPECÍFCIA SOB PENA DE SE INVIABILIZAR A PROMOÇAO DE EQUIDADE EM SAÚDE NO PAIS"

Grave e insistente questão do racismo no Brasil, ALTO GRAU DE ENTRANHAMENTO NA CULTURA BRASILEIRA.
Se reafirma na linguagem comum, alimentado na tradição e pela cultura, afeta a pop negra em todas as camadas sociais e age em uma dupla rubrica, quando atrelado ao sexismo, agrava vulnerabilidades.

Racismo institucional: produção sistematica de segregacao por meio de rpaticas e comportamentos resultantes da ignorancia, falta de atencao, preconceitos e estereotipos racistas. Coloca grupos raciais em desvantagem no acesso a beneficios.
- relacoes interpessoais
- dimensão político-pragmática: PRODUCAO E DISSEMINACAO DE INFOS SOBRE  AS EXPERIENCIAS DESIGUAIS E A CAPACIDADE DE RECONHECER O RACISMO COMO UM DETERMINANTE DE DESIGUALDADE, INVESTIMENTO EM ACOES E PROGRAMAS ESPECÍFICOS PARA IDENTIFICACAO DE PRÁTICAS DESCRIMINATORIAS, ELABORACAO E IMPLEMENTACAO DE MECANISMOS DE COMBATE E PREVENCAO AO RACISMO E INTOLERANCIAS CORRELATAS (mecanismos e estratéticas de reduçao das disparidades e promocao da equidade)




PRINCÍPIOS
Princípios constitucionais de cidadania e dignidade da pessoa humana
Combate ao racismo
Igualdade

Universalidade do acesso
Integralidade da atenção
Igualdade da atencao
Descentralizacao político-administrativa

Participacao popular
Controle social


MARCA
Reconhecimento do racismo (institucional)

OBJETIVO GERAL
Promoção da igualdade racial (equidade)

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
INCENTIVO À PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTIFICO E TECNOLÓGICO EM SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA

Desenvolvimento de processos de informação, comunicação e educaçaõ que desconstruam estigmas e preconceitos e fortaleçam a identidade negra positiva e reduza vulnerabilidades

INCLUIR DEMANDAS ESPECÍFICAS DA POP NEGRA NOS PROCESSO DE REGULAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE SUPLEMENTAR

FORTALECIMENTO DA ATENÇAÕ À SAÚDE MENTAL DAS CRIANÇAS, ADOLESCENTES, JOVENS, ADULTOS E IDOSOS NEGROS, PREVENÇAOP DOS AGRAVOS DECORRENTES DOS EFEITOS DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL E EXCLUSÃO SOCIAL

FORTALECIMENTO DA ATENCAO A SAUDE MENTAL DE MULHERES E HOMENS NEGROS, EM ESPECIAL COM TRANSTORNOS DECORRENTES DO ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS.


É responsabilidade do Gestor Estadual e Municipal o incentivo à participacao popular e ao controle social, articulação intersetorial e INSTITUIÇÃO DE MECANISMOS DE FOMENTO À PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO SOBRE RACISMO E SAÚDE DA POP NEGRA



Racismo e os efeitos na saúde mental


Silva, M. L. Racismo e os efeitos na saúde mental. In SEPPIR, Caderno de
Textos Básicos. Brasília: I Seminário Nacional de Saúde da População Negra, 2004, pp. 129-132.

Forças individuais e ambientais em equilíbrio

O racismo é provavelmente o maior aciente historico sofrido pelos africanos e seus descendentes, podendo ser descrito como a negacao pura e a desvalorixacao sistematica dos atributos humanos aos afro-descendentes, que sao impedidos de exercitar plenamente sua cidadania.

Racismo institucionalizado - acesso diferenciado aos equipamerntos sociais: incorporado aas instituicoes sociais

Inconsciente coletivo marcado pelo racismo
gerador de violencia fisica e simbolica - marcas psiquicas

Diferencas significativas nos idnicadores de morrbi-mortalidade
-poucos dados precisos sobre transtornos psíquicos: quesito cor

Internalização e naturalizaçaõ dos atributos negativos e do Ideal branco: sentimentos de inferioridade

Autoconceito influenciado pelo racismo: constituição de identidade e corporeidade
Humilhação

Necessidade de instrumentos de combate ao racismo e garantia de acesso a serviços humanizados.

Pele Negra Máscaras Brancas - Frantz Fanon



eles se voltam para dentro de si mesmos - contradição
em buscar a liberdade escondendo-se dela (a liberdade requer um mundo de outros) o racismo força um grupo de pessoas a sair da relacao dialetica entre o eu e o outro, a qual é a base da vida ética, e torna muitas atrocidades passiveis de serem feitas, já que não se trata de uma pessoa.
Zelo sádico
Racismo epistemológico

Espera-se que os negros não tenham sido negros a gim de legitimarem-se como negros.
Caso o negro deseje uma condição pré-moderna, pré-enegrecida, isto requereria uma contradição: um negro que não fosse negro.
O negro é o indígena do mundo moderno - ele não pode ser o que ele é.

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O negro não é um homem.
devido a uma serie de aberracoes afetivas, ele se estabeleceu no seio de um universo de onde será preciso retira-lo
Liberar o homem de sua própria cor.

O entusiasmo é a arma dos impotentes

Alguns negros querem, custe o que custar, demonstrar aos brancos a riqueza do seu pensamento, a potência respeitável do seu espírito. 27

Pensamos que só uma interpretaçaõ psicanalitica do problema negro pode revelar as anomalias afetivas responsabeis pela estrutura dos complexos.

Epidermização da inferioridade, inicialmente economica

É de bom tom preceder uma obra de psicologia por uma tomada de posição metodológica. Fugiremos à regra. Deixaremos o método para os botânicos e os matemáticos. Existe um ponto em que os métodos se dissolvem. 29


Tentativa de explicacao psicopatologica e filosofica do existir do negro

Todo colonizado toma posição diante da linguagem e da língua: quanto mais assimilar os valores culturais da metrópole, mais o colonizado escapará da sua selva.

A atitude de ruptura nunca salvou ninguem; e se eh vdd q devo me libertar daquele que me sufoca, porque realmente nao posso respirar, fica entendido que, na base fisiologica, torna-se pouco saudável transplantar um elemento psicológico.

A inteligencia nunca salvou ninguem, pois se eh em nome da inteligencia e da filosofia que se proclama a igualdade dos homens, tambem eh em seu nome que muitas vezes se decide seu exterminio.

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A mulher de cor e o branco

O amor autentico permanecerá impossível enquanto não eliminarmos esse sentimento de interioridade, ou esta exaltacao adleriana, esta supercompensaçao, que parece ser o indicativo da Weltanschauung negra

Mayotte Capécia ama um branco do qual aceita tudo.
-somos brancos a partir de alguns milhoes

Vemos porque o amor é proibido às Mayottes Capécias de todos os países, mesmo quando se chamam Hayanna Carvalho.

É preciso embranquecer a raça, salvar a raça, para assegurar sua brancura, mais do que preservar a originalidade da porção de mundo onde elas cresceram.

Se um negro reivindica tanto sua cor, é porque ressente uma maldição. Os brancos não reivindicam a própria cor...

O problema eh saber se eh possivel ao negro superar seu sentimento de inferioridade, expulsar de sua vida o caráter compulsivo, tao semelhante ao comportamento fóbico. No negro existe uma exacerbacao afetiva, uma raiva em se sentir pequeno, uma incapacidade de qualquer comunhao que o confina em um isolamento intoleravel

Inibicao do ego


A necessidade de gesticulação exagerada, o gosto pela ostentacao ridicula, as atitudes calculadas, teatrais, repugnantes, sao sinais de uma mesma mania de grandeza; elas precisam de um homem branco, todo branco, e nada mais do que isso.

Tentativa de aquisicao por interiorizacao de valres  originalmente proibidos: eretismo afetivo.

Angústias psicóticas: impressao infernal de nao ser estimado humanamente, de que jamais conseguirua ser reconhecido como um colega ou doutor - intuiçao delirante
Vingança da imago que o tinha obsecado: o preto apavorado e humilhado diante de um senhor branco.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Elisa Larkin Nascimento - Afrocentricidade.


Nascimento, E. L. (Org.) (2009). Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro.

Cheikh Anta Diop afirmava, com todo rigor, que "raça" é uma construção fenotípica e sociocultural, não uma condição biomolecular. Ele dizia com frequência que é possível um sueco e um banto sul-africano serem geneticamente mais próximos entre si do que cada um deles a outras pessoas de sua própria raça. Mas, na África do Sil de 1980, o sueco seria um homem livre, enquanto o banto seria mais um integrante da maioria oprimida e violetada pelo apartheid. Diop dizia, também com referência à África do Sul de 1980, que os brancos costumam negar a realidade das raças ao mesmo tempo que tentam destruir uma raça. Geneticamente, não pode haver raças; a noção fenotípica e sociocultural de raça ainda define a maioria dasrelações humanas até hoje.

Hoje, os estudos africanos não atendem apenas a uma demanda exclusiva do movimento social negro, mas de toda a sociedade, e tornam-se indispensáveis para o conhecimento do mundo no qual vivemos e dos mundos que nos precederam. Fruto do ativismo de educadores negros e seus aliados, a Lei 10.639/2003 coloca a sociedade inteira diante da obrigatoriedade de assumir o legado africano como uma precondição essencial para desenvolver o conhecimento (...) [uma vez que] as histórias e culturas africana e afro-brasileira dizem respeito não apenas aos descendentes africandos, mas à humanidade como um todo e ao Brasil como nação.

A falta de conhecimento sobre suas origens contribui para que muitos afrodescendentes tenham baixa autoestima, o que impede seu acesso pleno às oportunidades e mina sua capacidade de lutar por direitos.